Nas entrevistas e pesquisas entre os membros da comunidade da EMEI Bambalalão ficou evidente a preocupação com a educação integral das crianças. O processo educativo da escola de educação infantil deve estar vinculado a formação de valores sociais e espirituais que contribuam para a construção de cidadãos íntegros e responsáveis pelo bem estar dos seus semelhantes e da vida em geral. Conclui-se que a ação complementar da escola de educação infantil requer a ampliação dos cuidados pessoais necessários a sobrevivência humana para uma dimensão de atendimento às necessidades de formação afetiva, cognitiva, física, social, espiritual e de formação de valores. Nesta perspectiva, o ensino integra aspectos de cuidados de saúde, alimentação e higiene, de forma integral e vinculada ao desenvolvimento de habilidades cognitivas e sociais.
Segundo pesquisa de satisfação realizada na escola, 68% dos pais concebem a escola que recebe bebês, ainda com poucos meses de idade, como uma instituição educacional necessária ao desenvolvimento integral da criança em todos os aspectos, que prepara e capacita o aluno para o exercício da cidadania, a vida social e do trabalho. O fato de a mãe trabalhar fora do lar não pode ser requisito indispensável para a oferta de vaga em escola. Frequentar a escola é um direito da criança antes de ser necessidade da mãe. Todo trabalho escolar precisa ter o foco na criança, em suas necessidades e formas de ser estar no convívio entre as pessoas.
A escola deve estar preparada para desenvolver as competências e habilidades das crianças. Os conteúdos, o currículo e atividades lúdicas precisam ser significativos e ter sentido para o atendimento das necessidades das crianças. Sendo a criança o foco do ensino, a observação de seu comportamento e necessidades, em combinação com as teorias de desenvolvimento, produzem as bases para a elaboração das atividades pedagógicas intencionais do professor ou livres das crianças. A escola deve prover meios para a criança adquirir autonomia para suprir as suas necessidades e formar uma postura crítica responsável diante da vida e da diversidade que ela comporta.
Ao promover o bem estar físico e mental das crianças, os educadores precisam respeitar as limitações das pessoas e ter uma atitude de carinho e amor pelos que dependem de sua ajuda.
Os pais almejam uma escola composta por profissionais qualificados, voltada para a efetiva qualidade de ensino e aprendizagem, que acolha as famílias em seu ambiente, seja transparente, humanista e inclusiva. Deve também ser atrativa, guardiã de direitos, comprometida com a qualidade e a formação de competências das crianças, que também seja alfabetizadora e lúdica, e respeite o tempo de aprendizagem de cada criança. A escola deve ser um espaço de segurança e confiança dos pais em que a criança se sinta feliz.
A comunidade escolar aspira uma escola aberta às transformações, sem medo de mudar e se qualificar. O prédio deve ser amplo, moderno, equipado com recursos tecnológicos. O ensino precisa ser atrativo e inovador, com professores valorizados e equipados com materiais pedagógicos. Todos devem buscar o ensino de qualidade através do diálogo e a gestão compartilhada responsável.
Pela avaliação diagnóstica da escola, o espaço físico e a falta de algumas instalações como refeitório e local para a realização de reuniões com os pais, foram apontados como elementos complicadores das atividades escolares. A proposta pedagógica, os projetos de música e leitura, a alimentação, os cuidados de saúde e higiene e a organização operacional e administrativa atendem as expectativas da comunidade escolar. O horário das reuniões durante o expediente escolar também foi aprovado.
A infraestrutura responde por 67% da preocupação dos pais. Problemas nas trocas de informações entre pais e professores e o aperfeiçoamento da comunicação da escola com os pais foram relacionados na pesquisa e nas entrevistas.
Os problemas de falta de espaço físico vão ser solucionados com a construção em andamento de um novo prédio para a escola. O novo prédio contará com dez salas de berçários, 3 pátios, refeitórios, cozinha, lactários, banheiros adequados e adaptados, sala de reuniões, sala de enfermagem, vestiários com banheiro para os funcionários, parque infantil e quadra de esportes. O prédio da escola terá 2.431,88 m2 e a quadra coberta 1.059 m2. Serão investidos mais de R$ 3.000.000,00.
A escola é elogiada pelos pais por promover o contato direto entre pais e professores, tanto na entrega como na saída da criança, a flexibilidade de horários, o tratamento dado às crianças e aos pais, a atenção das professoras, o atendimento da escola e sua organização.
Apesar da Secretaria Municipal da Educação garantir os recursos básicos de funcionamento da escola, a comunidade escolar sente a necessidade de ter mais autonomia financeira para a gerência imediata das necessidades operacionais.
Além da Secretaria Municipal da Educação, a escola recebe recursos do PDDE – Programa Dinheiro Direto na Escola, do Governo Federal, através da APM, em volume insuficiente (R$1000,00 por ano) e de difícil movimentação por estar condicionado às regras de utilização de recursos públicos. Falta capacitação dos membros da APM para a utilização desses recursos. Pelo volume dos recursos, a APM não tem condições de contratar uma empresa de contabilidade para supervisionar e controlar a sua aplicação. A realização das festas das datas comemorativas e das despesas extras do cotidiano são subsidiadas por festas do sorvete promovidas pela APM.
Em razão da forte demanda por vagas na escola, a relação criança-professor está acima dos padrões ideais. O trabalho de cuidar e educar crianças exige concentração e dedicação para não colocar as crianças em situações de risco. Oferecer os cuidados mais elementares como o banho, troca de fraldas, oferecer o colo e fazer dormir são atividades de cuidados que conjugadas com atividades mais elaboradas de estímulo ao desenvolvimento necessitam de extrema atenção e planejamento. Pela natureza e complexidade da função, os professores sentem a grande responsabilidade que assumem ao cuidar de crianças pequenas que ainda não conseguem expressar os seus desejos de forma clara. Se considerarmos que nem sempre a família compartilha com o professor o que a criança está passando ou precisando ou mesmo negligencia informações para não ter que deixar a criança em casa ou com outras pessoas, as dificuldades do trabalho aumentam. Além das dificuldades de relacionamento com as famílias, o professor precisa equilibrar as suas relações com os próprios colegas da escola. Quando acrescentamos problemas do exercício da profissão a fatores salariais e longa jornada de trabalho, a capacidade de o professor suportar essas pressões deve ser constantemente avaliada para não provocar doenças ou incompatibilidades com a função.
A solução ao alcance da escola está em promover ações que despertem a motivação para o trabalho dos educadores. Os pais precisam conhecer mais o trabalho da escola, as suas dificuldades e atividades cotidianas, valorizar o trabalho do professor e da escola.
Somente uma gestão participativa e compartilhada entre professores, pais e funcionários, em que as decisões são coletivas e comprometidas com a qualidade da escola, pode trazer motivação e união em defesa da escola que garante o direito a educação de qualidade que todos almejam.
Uma das formas de viabilizar a gestão participativa na escola é o estímulo à participação dos pais na Associação de Pais e Mestres e no Conselho de Escola.
A APM ficaria responsável pelo auxílio na administração dos recursos financeiros da escola tanto do PDDE como dos oriundos das festas e promoções. O Conselho de Escola trataria das questões pedagógicas, da construção do currículo e da proposta pedagógica.
A construção do novo prédio da escola possibilitará melhores condições de atendimento das crianças e de trabalho dos funcionários. A substituição de um prédio de 29 anos, de apenas 3 salas, por um novo construído de acordo as exigências modernas de funcionamento de uma escola de crianças muito pequenas trará um novo alento para a comunidade escolar. Será de grande valia para os funcionários e as famílias. Sem dúvida inaugurará um novo tempo para a história da EMEI Bambalalão.
A direção, os professores, os funcionários e as famílias precisam estabelecer a contrapartida pela construção das novas instalações. A reformulação do Projeto Político Pedagógico é o meio adequado para a criação de novas relações entre os membros da comunidade escolar. Pelo que foi apurado nas entrevistas e reuniões, a concepção de escola de qualidade está relacionada ao envolvimento de todos no projeto educativo. Os órgãos colegiados: APM e Conselho de Escola e reuniões sistemáticas entre funcionários, pais e funcionários são instrumentos de constituição da gestão participativa e democrática.
Portanto, somente a discussão permanente das práticas escolares e o respeito às decisões coletivas com foco nas necessidades das crianças pode promover condições para o respeito direito dos cidadãos ao ensino de qualidade.
Assis, 13 de setembro de 2011.